sábado, 4 de abril de 2009

Avaliação do Livro "Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo"

Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo
COSTA, Hermisten Maia Pereira Da. Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parákletos, 2002, 479 p.
O prefácio do livro feito pelo Rev. Alceu Vieira Cunha define a palavra credo como creio eu, referindo-se ao ato pelo qual o homem reconhece e confessa a realidade e o conteúdo da sua fé. Declara em seu prefácio a profundidade que é tratado o assunto pelo Rev. Hermisten, confirmado pela leitura deste livro. Todos os escritos encontrados especialmente na nossa língua mater, que já tive a oportunidade de ler não transmite a pesquisa e a maneira clara, simples e objetiva como o autor tratou a sua obra. Digna não apenas de uma leitura por todos, mui particularmente pelos presbiterianos, mas também a ser pensado em editá-la em séries para até mesmo ser ministrado em escola dominical e outros. A obra em apreço que é fruto de quase treze anos passados dos ensinos em sua igreja pastoreada sofreram modificações relevantes para melhor, pois além de ter dado origem a outros trabalhos, tratou o assunto símbolos de fé com muita eficiência. Iniciando em sua palavra explicativa expõe que este trabalho é um trabalho de três anos e um mês de exposição na EBD da igreja que pastoreava. O autor cumpre o que promete. A linguagem é simples, a aplicação prática torna possível qualquer crente lê-lo e vivenciá-lo.
Introdução – Símbolos de Fé na Historia – Introdução Geral.
Inicia o seu livro mostrando a importância que os símbolos de fé ocuparam na vida da igreja na Reforma Protestante do século XVI, afirmando que o uso de Catecismos e Confissões foi de grande valia para a educação dos crentes; partindo sempre do princípio da necessidade da fé explícita de que todos os cristãos devem conhecer sua fé, sabendo no que crêem e porque crêem.
Ao mostrar a origem dos símbolos afirma que O símbolo só tem valor porque aponta para a realidade simbolizada, e a realidade simbolizada carece daquele sinal que a referencia. O símbolo é um veículo de comunicação que contribui para romper as barreiras lingüísticas, permitindo a identificação sem o uso necessário de palavras, as quais por sua vez também são símbolos. A linguagem é sempre um elemento simbólico; a língua é uma espécie daquele gênero. O símbolo não pode ser confundido com o elemento simbolizado e, num primeiro instante, ele pode não ter nenhuma relação intrínseca com o que representa; em muitos casos, a relação estabelecida é apenas no nível de idéia, não do ser em si. Os símbolos são “imagens de coisas ausentes”. Por isso é que o “signum” (signo) é contrastado com a “res” (coisa) que é considerada em si e por si mesma. Após apresentar a definição de símbolo afirma que o mesmo tem poder de revelar ou encobrir. Assim o símbolo é um veículo de comunicação que contribui para romper as barreiras lingüísticas, permitindo a identificação sem o uso necessário de palavras, as quais por sua vez também são símbolos. A linguagem é sempre um elemento simbólico; a língua é uma espécie daquele gênero. O símbolo não pode ser confundido com o elemento simbolizado e, num primeiro instante, ele pode não ter nenhuma relação intrínseca com o que representa; em muitos casos, a relação estabelecida é apenas no nível de idéia, não do ser em si. Os símbolos são “imagens de coisas ausentes”. Por isso é que o “signum” (signo) é contrastado com a “res” (coisa) que é considerada em si e por si mesma. Assim, mudar um símbolo é mais do que mudar uma simples “marca”, é modificar uma concepção, uma perspectiva do mundo e da realidade; este ato envolve a memória e a imaginação, visto que mexe nas estruturas da lembrança de um fato ou no conjunto de fatos que deram origem àquele símbolo, e também no imaginário coletivo que o símbolo concentra e ao mesmo tempo germina: um símbolo tem uma conotação de memória e de esperança; ele marca no tempo o nosso compromisso com o passado e a nossa responsabilidade com o futuro, que temos de construir sob aquela “marca” que nos distingue e identifica. Mudar um símbolo assemelha-se a mudar as leis ou a Constituição.
Dr. Hermisten apresenta na seqüência os tipos de símbolos, a saber: 1) Símbolo Convencional - É aquele em que a relação entre o símbolo e o objeto simbolizado é convencionada, não havendo necessariamente nenhuma relação essencial entre eles; 2) Símbolo Acidental - O símbolo acidental é praticamente exclusividade de cada um, diferindo de pessoa para pessoa, sendo por isso difícil de ser transmitido. Ele representa, de forma subjetiva, aquilo que ocorre conosco; 3) Símbolo Universal - O símbolo universal é aquele em que há uma relação intrínseca entre o símbolo e aquilo que ele representa. O autor ao afirmar que a Bíblia está cheia de símbolos, afirma que a igreja pós apostólica sentiu-se a vontade para empregar figuras que expressam sua fé em Deus, citando como exemplo a palavra peixe em grego (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador). Apresenta a origem dos credos e das confissões. A palavra “Credo” e derivado do latim “credo” que denota uma postura de “eu creio”, uma confiança continua em Deus. Na Bíblia encontramos diversas confissões que consistem expressões de fé que eram ensinadas. Serviam como ensino proposicional a respeito da fé cristã, ao mesmo tempo em que combatiam ênfases ou ensinamentos errados. Na liturgia conduzia o povo a declarar a sua fé na ocasião do batismo, santa ceia e no próprio culto. Com o passar do tempo os credos foram se tornando mais detalhados, para a compreensão das doutrinas bíblicas, bem como combater as heresias que surgiam marcadamente relacionadas à pessoa de Cristo. Neste período surgem três credos: 1) Credo Apostólico - O Credo dos Apóstolos tem sua origem no Credo Romano Antigo, elaborado no segundo século. O Credo Apostólico era usado na preparação dos catecúmenos. Professado durante o batismo, servindo também para a devoção privada dos cristãos; 2) Credo Atanasiano - A ênfase deste Credo é a defesa da Cristologia e da doutrina da Trindade conforme foram definidas nos Concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381) e Calcedônia (451), refletindo visivelmente a teologia de Agostinho (354-430); 3) Credo Niceno-Constantinopolitano - O Credo Niceno primitivo foi elaborado no Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia (20/05/325), na Bitínia, no ano 325. O Concílio, depois de amplo debate, declarou a igualdade essencial entre o Pai e o Filho. Os ensinamentos de Ário foram condenados e ele foi deportado para o Ilírico; 4) Credo de Calcedônio - O Quarto Concílio Ecumênico foi realizado em Calcedônia, perto de Constantinopla (atual Istambul). Reunido de 8 a 31 de outubro de 451, contou com a presença de mais de 500 bispos e vários legados papais que, como de costume, o representavam. A sua declaração teológica foi rascunhada em 22 de outubro por urna comissão presidida por Anatólio de Constantinopla, encontrando a sua redação final, possivelmente, na 5a Sessão, na quinta-feira de 25 de outubro. Calcedônia rejeitou o Nestorianismno (duas pessoas e duas naturezas) e o Eutiquianismo. Os credos da reforma são as confissões de fé e catecismos que surgiram no período da reforma ou por inspiração do movimento, refletindo uma teologia semelhante. Rev. Hermisten declara que os séculos 4º e 5º foram para a elaboração dos credos, os séculos 16 e 17 foram para a confecção das confissões e catecismos, ficando evidente que neste período, as igrejas logo sentiram a necessidade de formalizar a sua fé. As confissões não forma feitas como um texto para a instrução na fé cristã, já que esta era a função dos catecismos. Em 1876 a Igreja Presbiteriana publicou em português a confissão de fé de Westminster constando também da “Epítome da Forma de governo e Disciplina da Igreja Presbiteriana”. Adotado pela Igreja Nacional como símbolos de Fé em 1888.
Quanto ao uso de catecismos e confissões reformados, o Rev. Hermisten deixa claro a importância deles como formulação doutrinária, e como foi entendido sempre pelos reformados, os credos têm seu limite. O credo é uma resposta do homem a Deus, sumariando os artigos essenciais da fé cristã. Os credos baseiam-se na palavra de Deus, porém não são a Palavra, nem jamais isso foi cogitado pelos seus reformuladores. Ao falar do valor e importância dos credos, Rev. Hermisten declara que a idéia de credo desagrada a muitas pessoas porque os mesmos pressupõem caminhos a serem seguidos, encaram-no como empobrecimento espiritual ou um amordaçamento do Espírito. Atesta a importância dos credos por algumas razões: 1) Facilita a confissão púbica de nossa fé; 2) Oferece-nos de forma abreviada o resultado de um processo cumulativo da história reunindo as melhores contribuições de diversos servos de Deus na compreensão da verdade; 3) É uma exigência natural da própria unidade da Igreja, que exige um acordo doutrinário; 4) Eles oferecem uma base sintetizada para o ensino das doutrinas bíblicas; 5) Preserva a doutrina bíblica das heresias surgidas no decorrer da história; 6) Permite distinguir as nossas Igrejas das demais; 7) serve como elemento regulador de ensino na Igreja, bem como de seu governo, disciplina e liturgia; 8) Serve como desafio para que continuemos nossa caminhada na preservação da doutrina e na aplicação das verdades bíblicas.
Capitulo I – A Inspiração e Inerrância das Escrituras.
Ao iniciar o estudo do Credo Apostólico, Dr. Hermisten o divide em proposições que estão visíveis no próprio Credo. 1) Deus pai; 2) Deus Filho: a História da redenção; 3) A Igreja e os Benefícios que Deus nos tem concedido. A Inspiração e Inerrância Bíblica são verdades fundamentais da fé cristã, das quais depende a nossa formulação teologia.
A convicção do autor é certa, o problema entre os cristãos do século XX está na aceitação teórica e prática da bíblia como palavra autoritativa, inerrante e infalível de Deus. Ao apresentar a necessidade das escrituras que dá resposta adequada às necessidades espirituais do homem, e que ela é o nosso deleite espiritual passa a discorrer sobre a inspiração definindo ao leitor o que ela não é e o que ela é. Ela é a influencia sobrenatural do Espírito Santo de Deus sobre os homens separados por ele mesmo, a fim de registrarem a forma inerrante e suficiente toda a vontade de Deus, constituindo este registro na única fonte e norma de todo conhecimento cristão. Ao apresentar o testemunho dos profetas, dos apóstolos, do Senhor Jesus Cristo e outros testemunhos, o autor deixa claro que a própria Bíblia assim declara a sua inspiração divina.
Capitulo 02 – A Fé Salvadora
A fé é fundamental para o inicio e progresso da ciência; é impossível haver ciência sem fé. É indispensável, essencial à vida humana, tanto que é muito comum encontrarmos pessoas consolando outras, em momentos de dificuldades, dizendo: “tenha fé”, “o importante é ter fé”. Afirma ainda o autor que a fé é também importante como elemento psicológico. Apesar desta introdução ao capítulo 02 o Dr. Hermisten, afirma que o capitulo visa se restringi-la no campo religioso, e inicia analisando os tipos de fé, destacando-as: 1) Fé Histórica ou Especulativa – É caracterizada pela crença intelectual na veracidade de um acontecimento tido como histórico. O fato de alguém crer na singularidade da Bíblia, na existência de Jesus; na veracidade histórica das narrativas do Pentateuco, por exemplo, não indica necessariamente que ele tenha uma fé divina, salvadora; 2) Fé Temporal – Decorrente da consciência da realidade das verdades religiosas. Num primeiro momento, ela manifesta frutos semelhantes aos da fé salvadora, mas é ineficaz e não permanece, falta-lhe raiz; 3) Fé Milagrosa – É caracterizada pela persuasão intelectual de que eu serei o instrumento ou o beneficio de um milagre, que é considerada pelo autor uma subdivisão de fé ativa que é a certeza de que Deus operará um milagre através de mim e fé passiva que é a certeza de que Deus operará um milagre em mim. Ela pode estar acompanhada da fé salvadora, porém não necessariamente; 4) Fé Salvadora – Esta é a genuína fé. Ela está enraizada no coração que foi regenerado por Deus, ela é obre de Deus e é direcionada para Deus, através de Cristo. Relembra o Rev. Hermisten, que não somos salvos pela fé, mas, sim por Cristo através da fé. Define a fé salvadora apresentando as suas características que se origina no próprio Deus, é direcionado para Deus e para a sua Palavra, apóia-se no poder e fidelidade de Deus e é resultado de nossa eleição eterna. Destaca por fim neste capitulo a necessidade, os efeitos e as implicações doutrinárias e práticas.
Capitulo 03 – A Paternidade de Deus
É comum a afirmação de que o deus do Antigo Testamento é um ”Deus Vingador” e o do Novo testamento é o “Deus Pai”, “Deus de Amor”. Tal distinção relembra Dr. Hermisten que não é benéfica porque prejudica a unicidade da Teologia Bíblica. Enfoca neste capitulo alguns aspectos da paternidade de Deus, e também alguns pontos relativos à nossa filiação.
Dr. Hermisten destaca a paternidade de Deus no Antigo e Novo Testamento como sendo aquele pai Justo, Glorioso, Santo, Perfeito, Misericordioso, Gracioso, Fiel no cumprimento de suas promessas, que escolhe seus filhos adotivos, Incansável, Onisciente e Todo-Poderoso, que envia se filho para salvar se povo, auto-existente, livre em seus atos e que se revela através de se Filho Jesus Cristo. Apresenta a natureza, os critérios, as evidências da nossa filiação, bem como ainda a responsabilidade e a herança dos filhos. Mostrando-nos que a nossa filiação implica em nossa responsabilidade de viver de modo digno de nosso Senhor e Pai.
Capitulo 04 – O Poder Soberano de Deus
Passa-se a parte do credo que declara: “creio em Deus Pai Todo-Poderoso, como declaração feita pelos cristãos desde o século II através do credo Apostólico.
Dr. Hermisten traz uma definição magnífica da palavra poder, como segue: “A palavra “poder” provém do latim vulgar “potere”, que significa “ter a faculdade de”. A palavra latina traduz o grego dinamis de onde vem “dínamo”, “dinâmica” etc. Que se traduz: “poder”, “força”, “potência”. A idéia da palavra grega é a de um poder ativo, revelado, manifesto. No entanto, por questões etimológicas e filosóficas, “poder” é muitas vezes identificado com “potência”, que vem do latim “potentia” = “poder”, “autoridade”, “vigor”. Esta discussão não tem maior relevância em nosso estudo, Todavia indico o conceito que sigo, de que as palavras são usadas distintamente, Em nossa compreensão, o “poder” pressupõe a “potência”, O movimento que existe abrigado na “potência” é a passagem da “potência” ao “poder” e o “poder” é a concretização da “potência”. A verdadeira “potência” pode e tem força em si para manifestar-se em “poder”, e este, por sua vez, o é de fato por ter “potência”. Resume a definição em ser “a capacidade de causar ou impedir mudanças”. Esta conceituação se adéqua melhor à idéia de “potência”. É no exercício da “potência” que temos “poder”.
Na seqüência apresenta alguns aspectos do poder Soberano de Deus, destacando: a liberdade do poder de Deus (liberdade de existência, de decisão, de execução, de limitação); a manifestação do poder de Deus (na criação, nas obras da providência, no controle de Satanás e Seus Anjos, na vida de Jesus Cristo, na vida dos eleitos, nas últimas coisas); atitudes para com o Deus Soberano experimentadas por nós (submissão prazerosa, alegre confiança, crescer espiritualmente e adoração e proclamação).
Chamou-me muito a atenção este parágrafo sobre a igreja como testemunha: “não tem o direito nem realmente deseja optar se deve ou não dar seu testemunho, nem a quem deve testemunhar: Ela de fato não pode calar-se, do mesmo modo que não podemos deixar de respirar... A igreja não pode deixar de dar testemunho, visto que ela “não pode fugir à vocação de seu próprio ser”.”.
Capitulo 05 – O Deus Criador
A Bíblia parte do pressuposto da existência de Deus. “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus”, escreveu Moisés (SI 90.2). Moisés apenas apresenta o Deus Todo-Poderoso exercitando seu poder de forma criadora, segundo seu eterno propósito. Deus existe; este é o fato pressuposto em toda a narrativa da Criação.
Partindo deste pressuposto destaca alguns aspectos da ação criador a de Deus, destacando: 1. A origem do homem e da mulher segundo as escrituras, narrando com riquezas de detalhes a criação e a natureza do homem e como diversas confissões de fé a expõe; 2. O cristocentrismo da Criação; 3. O caráter soteriológico da salvação. Conclui nos mostrando que conhecer a Deus significa, entre outras coisas, conhecer sua criação. Fomos criados por Deus para a Sua glória.
Capitulo 06 – A Vinda de Jesus Cristo
Inicia este capitulo definindo os termos Cristo e Messias, afirmando serem sinônimas que significam “ungido”, e, quando aplicada a Jesus, equivale a uma confissão que Jesus é o ungido de Deus. Dr. Hermisten passa a apresentar o significado e a prática da unção no Antigo Testamento que era um sinal visível de designação para um oficio, o estabelecimento de uma relação sagrada e conseqüente consagração da pessoa ou coisa ungida e uma comunicação do Espírito ao que foi ungido. Narra sobre a vinda do Messias, destacando a promessa, os antecedentes históricos de sua vinda, as expectativas judaicas quanto à vinda do Messias. Relembra a Unção de Jesus e a consciência que Ele tinha de ser o Messias para cumprir o pacto da graça, firmado entre o Deus Pai, representante da trindade e Deus Filho, representando seu povo.
Capítulo 07 – A Pessoa de Cristo
Dr. Hermisten neste capítulo da confissão que fazemos no credo apostólico: “creio em Jesus Cristo seu único Filho, nosso senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito santo...”. Discorre de forma clara sobre a pessoa de Jesus Cristo mostrando a sua Divindade profetizada, reconhecida por muitos, demonstrada pelos títulos que recebeu. Ao escrever sobre a humanidade imaculada de Jesus mostra-nos não apenas aspectos da sua humanidade, mas também reafirma que Ele era homem como nós, todavia sem pecado.
Capitulo 08 – A Unidade e a Necessidade das Duas Naturezas de Cristo
Neste capitulo Maia trata de questões levantadas na história, as quais ainda hoje são debatidas por muitos, e que devem despertar nosso interesse que trata diretamente de forma bíblica a necessidade das duas naturezas, ressaltando que há mistérios que pertencem a Deus. Apresenta não apenas a necessidade das duas, mas também das duas em um só. Ao limitar-se às afirmações da Palavra de Deus, expõe sobre o assunto. Quanto à necessidade de Jesus se Deus, ele resume: 1. Para que pudesse cumprir perfeitamente a lei; 2. Para que revelasse Deus e sua Salvação aos homens; 3. Para que derrotasse definitivamente a Satanás; 4. Para que suportasse o peso da culpa do pecado; 5. Para que pudesse constituir-se num caminho perfeito e imaculado e 6. Para que pudesse apresentar-se como sacrifício perfeito. Quanto à necessidade de Jesus ser homem, ele resume: 1. Para ser um exemplo perfeito para seus discípulos; 2. Para que cumprisse o propósito de Deus para o homem em relação a sua criação; 3. Para representar genuinamente seu povo; 4. Para que estivesse sob a lei, a fim de poder cumpri-la por seu povo; 5. Para que pudesse arcar moral, física e espiritualmente com as conseqüências do pecado de seu povo; 6. Para simpatizar com os seus, já que ele estaria sujeito às mesmas tentações e 7. Para ser o padrão de nosso corpo redimido.
Dr. Hermisten destaca diversos erros concernentes às duas naturezas, destacando a postura do ebionismo, do gnosticismo, do monarquianismo, do arianismo, do apolinarismo, do nestorianismo, do eutiquianismo. Na seqüência apresenta a postura Bíblico-Reformada exposta nos diversos credos e em especial na Confissão de Fé de Westminster, a mais madura Confissão Reformada.
Capitulo 09 – O Filho Unigênito de Deus
Com base na pergunta 33 do catecismo de Heidelberg resume-se acerca do tema: o que para nós é uma questão de graça, para Jesus Cristo é uma questão de natureza eterna. Fazendo as suas considerações preliminares discorre sobre idéia de filiação divina no mundo pagão, no contexto bíblico-judaico. Ao tratar a filiação de Jesus Cristo, mui especificamente sobre a sua eternidade, torna claro que a totalidade deste assunto escapa à nossa compreensão. O relacionamento intimo do Filho com o Pai é apresentado nos aspectos de sua Filiação.
Ele é o Filho unigênito do Pai que por ter declarado o que e quem ele era foi morto para que nós pudéssemos viver. Não podemos ter vergonha de declarar isto, pois a própria Palavra afirma que se envergonharmos do Filho, ele se envergonhará de nós diante do Pai.
Capitulo 10 – Jesus Cristo, Nosso Senhor
Além de reconhecer outras formas de tratamento, a Bíblia não ignora a expressão empregada para Senhor. No Antigo testamento esta expressão aparece em nossas traduções do tetragrama hebraico “YHWH” que é reconhecido como Sendo o nome pessoal de Deus. Dr. Hermisten apresenta com riqueza de detalhes acerca da expressão no AT, bem como o emprego comum do nome “Senhor” na antiguidade, fazendo um apanhado como a expressão é tratada no original grego e hebraico, e como a palavra Senhor no grego que “Kyrios” é aplicado a pessoa de Jesus Cristo. Revela ainda neste capitulo as características, manifestações, os efeitos escatológicos do Senhorio de Cristo.
Capitulo 11 – O Ministério Terreno de Jesus Cristo
Dr. Hermisten aborda neste capítulo aquilo que tem ficado esquecido com certa freqüência por nós que são as demonstrações evidentes que culminou aqui na terra com a sua morte em favor de seu povo. O ministério do Senhor Jesus ficou muito evidenciado em todos os seus feitos, ele é o mestre perfeito. Algumas características do ministério da docência podem ser vista na sua autoridade, sabedoria e poder, coragem e determinação, discernimento, sensibilidade às necessidades humanas, fidelidade à vontade do Pai e a transmissão fiel de seus ensinamentos que certamente perpetuou. No ministério litúrgico Jesus caracterizou-se por um ato de culto a Deus, no qual o homem pecador e indigno é introduzido à presença do Deus Santo e Justo, a fim de reconciliar-se com Deus, através dos méritos de Cristo. No ministério diaconal ele estava consciente de sua missão aqui na terra, e que consistia em servir diaconalmente em favor de seu povo, Ele é o diácono por excelência. No ministério pastoral nos ensina algumas características de seu pastorado: pastor que conhece suas ovelhas, pastor que é reconhecido por elas, pastor que guia com segurança, vivificador, que se sacrifica por suas ovelhas, preservador, que compartilha com seus servos o privilégio reponsabilizador do pastorado e é o pastor eterno que conduzirá seu povo em segurança à eternidade. No ministério terapêutico é aquele que se preocupa com o homem por inteiro, sua salvação é integral. E no ministério intercessório é aquele que cuida de nós nos dando o conforto verdadeiro.
Capitulo 12 – Os Sofrimentos de Cristo
O Credo apostólico refere-se aos sofrimentos de Jesus Cristo dizendo: “padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado...” Obviamente esta declaração é fortemente embasada nas Escrituras Sagradas. Apesar disto relembra o Dr. Hermisten que isto não impediu que homens e sistemas teológicos a negasses de forma direta ou indireta. Passa a expor as causas do sofrimento de Cristo, bem como a consciência que Jesus tinha de seu sofrimento, ele não veio enganado, por este motivo obedeceu de forma perfeita ao Pai. Não há como dimensionar, descrever o seu sofrimento, mas temos que estudá-lo. Não para motivar a nossa compaixão, antes, pelo contrário, deve nos conduzir a de forma mais real e concreta o amor de Deus por nós.
Capitulo 13 – Jesus, O Salvador
A afirmação do Dr. Hermisten no início deste capitulo causou-me um frio na barriga, mas é de se concluir que de fato assim o é, ele declara: “a salvação é pelas obras! Sem as obras da trindade, jamais seriamos salvos pela graça”. Ela foi planejada pelo Pai. O Deus Triúno é o autor e o executor de nossa salvação, do principio ao fim, ela é obra de Deus.
Ao apresentar a necessidade da salvação por todas as suas razões, mostra-nos que Jesus é o único salvador e que Ele cumpriu perfeitamente as demandas da lei e adquiriu todas as bênçãos que envolvem a salvação.
Capitulo 14 – O sacerdócio de Cristo
No Antigo Testamento temos com freqüência aspectos que apontam para a concretização efetiva do sacerdócio no Novo Testamento. Dr. Hermisten nos faz relembrar que a nossa salvação não se deve exclusivamente ao oficio sacerdotal de Cristo, mas sim à sua obra Sacerdotal, Profética e Real. Após definir os termos pertinentes, faz distinção entre o ministério profético e ministério sacerdotal, bem como a necessidade do sacerdócio e as características do sacerdote judaico. O sacerdócio de Jesus é eficaz. Ele é o sacerdote perfeito que ofereceu a Deus um sacrifício perfeito para satisfazer a justiça divina reconciliando seu povo com Deus e intercede continuamente por seu povo, fundamentado em seus méritos redentores. Devemos como povo redimido, considerando a sua obra sacerdotal, estar atentos ao que a Bíblia requer de nós, a saber: fé, adoração sincera, glorificá-lo, sendo-lhe obediente e confessando-o.
Capitulo 15 – A Ressurreição de Cristo
Sem ela, como afirma Dr. Hermisten, todos nós estaríamos perdidos para sempre, mas o Credo nos faz declarar: “... ressurgiu dos mortos...”. E esta é a fé da igreja, é a nossa certeza.
Esta ressurreição foi predita pelos profetas e pelo próprio Jesus. Ela é um fato incontestável pelo túmulo vazio, pelas aparições de Jesus, a transformação dos discípulos, a pregação apostólica, pela conversão de muitos sacerdotes, bem como de Saulo, pela observância do Domingo e outros evidências mais. A ressurreição de Cristo se deu pelo poder do Trino Deus. Na ressurreição observamos ainda alguns aspectos que, tomados em conjunto, tornam-se misteriosos para nós: 1. Seu corpo era real; 2. Seu corpo era transcendente. Mas o que significa da ressurreição para nós Dr. Hermisten nos apresenta com muita propriedade. Primeiro no sentido teológico mostrando diversos aspectos do caráter de Deus. Segundo no sentido soteriológico nos relembrando à luz da Palavra o seu rico significado redentor. Terceiro no sentido Kerigmático, pois dá sentido à genuína pregação da Igreja. Quarto no significado vivencial nos conduzindo na maneira de vivermos na presença de Deus, e, por fim, no sentido escatológico, pois é o fundamento da esperança futura de nossa ressurreição.
Capítulo 16 – A Ascensão de Jesus Cristo
O inicio deste capitulo é a lembrança do que o catecismo Maior de Westminster responde à pergunta de nº 53, “como Cristo foi exaltado em sua ascensão”. E após trazer uma narrativa Bíblica sobre o assunto o autor mostra que diversos servos de Deus como Pedro, Paulo e João estavam convictos de que Jesus Cristo foi assunto ao céu, estando à direita de Deus, de onde voltará para nos levar com ele e julgar todos aqueles que não crêem em seu nome. Desde a ascensão a Igreja aguarda e apressa sua vinda e em momento algum deve esquecer-se de sua presença real e confortadora através de seu espírito que nos deu.
Capitulo 17 – A Segunda Vinda de Cristo
Apesar do Novo Testamento não usar o termo “segunda vinda”, contudo esta doutrina é ensinada com vigor no Novo Testamento. A vinda de Cristo inaugurou uma nova era do reino de Deus. Vivemos um tempo afirma o Dr. Hermisten, usufruindo das bênçãos do reino de Deus, esperando a consumação do Reino. A igreja vive entre as duas vindas de Cristo: o “já” (fatual) e o “ainda não” (esperança). O que a Igreja tem agora – “umas poucas gotas do Espírito”, diz Calvino. A satisfação completa será na pátria celestial. Com isto em Mente Maia passa a discorrer sobre a certeza da segunda vinda, o tempo e o modo da segunda vinda, o propósito e as atitudes errôneas e as corretas para com a segunda vinda.
Capitulo 18 – O Juízo Final
Na introdução deste capitulo Dr. Hermisten o introduz falando de conceitos que alguns têm do juízo final, segundo seus pressupostos, porém o autor está preocupado em mostrar o que a Bíblia diz a respeito do juízo final. Diante disto então é apresentado neste capitulo a necessidade e o propósito do Juízo final que é manifestar a glória de Deus, tornar público seu propósito eterno e consumar a história salvífica. Assim como ninguém sabe o dia do regresso de Cristo, ninguém sabe o dia do juízo. Deus já determinou que se dará após o regresso triunfante de Cristo e a ressurreição final. A apresentação do Juiz e a sua integridade é feita com detalhes, mostrando que o reto e justo juiz julgará todos os homens e os anjos réprobos com critério justo, baseado na vontade de Deus revelada. Diante disto, sabendo que o juízo final acontecerá, necessário se faz que nos alegremos, como salvos, pois a nossa completa redenção está se aproximando.
Capitulo 19 – Creio no espírito Santo: Suas Perfeições e Divindades.
Há muitas coisas que têm sido esquecidas na vida da igreja e uma delas nos lembra Dr. Hermisten é a Pessoa e Obra do Espírito Santo. Pouco tem se pregado, escrito sobre o assunto. Relembra Maia que o ministério do Espírito Santo só pode ser compreendido e avaliado de modo correto dentro da perspectiva cristocêntrica. Quando a Igreja compreende adequadamente quem é Cristo e seu ministério ela honra o Espírito, porque este conhecimento só pode ser alcançado por obra de Deus, e é o Espírito de Deus que nos conduz à verdadeira compreensão de Cristo. É relembrado pelo Dr. Hermisten que poucos movimento levantaram questões consideradas sérias a respeito de sua pessoa, citando algumas pessoas e movimentos que assim o fizeram. Após isto é apresentado a ação do Espírito Santo no Antigo Testamento. O Antigo Testamento dá mais ênfase à atividade do Espírito do que à sua natureza, o que nem por isso deixa de evidenciar a sua personalidade e divindade, mostrando o Espírito Santo como onisciente, onipresente e onipotente. Após isto o autor do livro passa a apresentar a ação do Espírito Santo no Judaísmo posterior. No período do judaísmo interbíblico, predominava a idéia de que o Espírito Santo se apagara devido ao pecado do povo. Tempo sem o Espírito é tempo sob julgamento de Deus, deus se cala.
É feito uma abordagem bíblica sobre a perfeição do Espírito santo, destacando à luz da Palavra a unicidade, personalidade, divindade, o Espírito de Justiça e purificador, Espírito da promessa, da verdade, da vida, da graça, da glória, consolador e Espírito Santo. Por fim apresenta a procedência mostrando a posição de vários concílios que discutiram o assunto chegando à conclusão de que o Espírito Santo procede verdadeiramente do Pai e do Filho.
Capitulo 20 – A Igreja de Deus: Uma, Santa e Universal.
Como todos os assuntos a teologia busca a compreensão na Palavra de Deus, em submissão ao espírito. Com a eclesiologia não poderia ser diferente. O Dr. Hermisten passa a defini Igreja em seu termo original apresentando diversas significações subordinadas no Novo testamento, a saber: 1. O circulo dos crentes reunidos num lugar especifico para cultuar a Deus; 2. Um conjunto de Igrejas locais e 3. O corpo daquele que através do mundo professam sua fé em Cristo e que constituem sua Igreja. Seguida de sua própria definição que julgo bastante abrangente. O autor aborda as marcas da verdadeira igreja explicando a necessidade que se fez necessário estabelecer um padrão de verdade ao qual a igreja deve corresponder, sendo o credo uma resposta da Igreja à situação de ameaça à teologia considerada bíblica. Discorre sobre a unidade apresentando a natureza do que não é, de seus fundamentos e aborda uma definição e chama a nossa responsabilidade para a unidade da igreja. Trata da santidade desta igreja fazendo um paralelo dela e a graça, e cristo. Como meta a Igreja é santa em santificação e ela é um ato realizado em e por Cristo, e é decorrente deste ato, se concretizando num processo continuo operado pelo Espírito. Descrito no “Credo Apostólico” como “Comunhão dos Santos”. Por fim ao apresentar a catolicidade da Igreja define o termo “católico” como uma tradução de uma palavra grega que quer dizer “universal”, “geral”. Os principais aspectos da catolicidade são: 1. Uma só Igreja; 2. Universalidade da Graça, pois a oferta de salvação é para todos os homens. Todos os homens de todos os povos que responderem com fé ao anúncio das boas novas de salvação; 3. Unidade entre a Igreja Militante e a Triunfante.
Capitulo 21 – Amém
No texto final do Credo Apostólico surge uma pequena expressão, mas nem pó isso menos importante, “amém”. Amém é uma transliteração de uma palavra hebraica que significa digno de confiança, ter fé, estar firme, certo, certamente, verdadeiro, assim seja. No Antigo Testamento foi usado para confirmar uma maldição, para expressar o assentimento e boa disposição para com o propósito de Deus e como expressão de concordância com uma profecia ou doxologia. Já no Novo testamento das 150 vezes que aparece, 100 vezes estão no evangelho. O “amém” usado por Jesus, geralmente no inicio de suas declarações confirmava previamente que as palavra que ele pronunciaria eram verdadeiras. Surge também como resposta às doxologias e à benção araônica. Muito presente na vida da Igreja Primitiva. Tendo toda uma importância em tudo que foi promulgado na forma de confissão, o “amém” do Credo Apostólico vem para fechar todas as declarações com uma confirmação à altura de todo conteúdo bíblico e teológico do Credo.
Conclusão:
Ao concluir este trabalho quero parabenizar ao mestre Dr. Rev. Hermisten pela riqueza de detalhes. Sua pesquisa foi muito proveitosa. Lamento não ter conhecido há mais tempo esta obra. Depois de 20 anos de ministério pastoral, vejo o quanto me faltou profundidade na exposição de nosso Cedo.
Fica a sugestão para quem sabe futuramente, editar em livros seqüenciais, a fim de serem estudados em cultos doutrinários e discipulados, etc.
Deus continue te Abençoando com muita sabedoria!

Nenhum comentário:

Postar um comentário